segunda-feira, 24 de março de 2014

A Invisibilidade Humana



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Alguns dias atrás, recebi por e-mail um trecho dessa reportagem que relata a história de um psicólogo que passou durante anos trabalhando como gari (varredor de rua) para defender a sua tese de mestrado na USP (Universidade de São Paulo), cujo tema era sobre a invisibilidade humanaSeu relato é muito interessante e me fez refletir muito sobre um comportamento comum na nossa sociedade hoje que é o de enxergar apenas a função social ou o status do outro. Quem não se enquadra nesse critério, acaba virando uma mera sombra social, um sujeito inextente. Vale muito a pena ler e refletir:

O homem torna-se tudo ou nada, conforme a educação que recebe
O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres invisíveis e sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa. Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:

'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência'
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No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: 'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.

O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.

E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?
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Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.
E quando você volta para casa, para seu mundo real?
Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'. ()
Foto Vitor Volejo
Ainda tem casos ainda mais dolorosos como o dos mendigos que são esquecidos pela a família, Estado e pela a sociedade, como mostra a foto ao lado.
Esta moça estar  "jogada" ao lado da Catedral Metropolitana de São Paulo ou Catedral da Sé, uma dos cinco maiores templos neogóticos do mundo e umas das que tem maio receita financeira no País através do dízimo e por outras doações voluntárias. 
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Ocorre que quase  ninguém vê ou viu a tal moça ali, os pedestre trafegavam de lá pra cá e vice e vessa, a Igreja rica que se diz ter preferencia pelos os pobres, o Estado e principalmente nós Cidadãos e que se dizemos crer em Deus. De que adianta por os joelhos todos os dias no chão pra Orar se não enxergamos o Deus da vida em nossos semelhantes, do que adianta eu ir a Missa todos os Domingos se não sofro em vê um irmão passando fome, sim do que me adianta ser e estar fazendo Pastoral da Juventude se não luto por dignidade,  respeito, afeto e levar a boa nova para meus jovens que estão a messe da sociedade, sim, sim do que me adianta te um grande templo e cheio de riqueza se ela não pode oferta um pão aquela jovem! 
(perdoei-me o desabafo) 
     

*Ser IGNORADO é uma das piores sensações que existem na vida! Respeito: passe adiante!
“Preocupe-se mais com sua consciência que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é. E sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam de você é problema deles.”


(Bob Marley)


 Vitor Volejo
Assessor da Pastoral da Juventude