sábado, 3 de março de 2012

1ª Conferência Territorial de Assistência Técnica e Extensão Rural

Aconteceu na terça-feira, 28/02, no colégio CETEPES (antigo COLEM) em Teixeira de Freitas, Ba a 1ª Conferência Territorial de Assistência Técnica e Extensão Rural com o tema " ATER para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária e o Desenvolvimento Sustentável do Brasil Rural".  O evento foi organizado pelo CODETER – Colegiado do Território de Identidade Extremo Sul da Bahia.  A Fundação Padre José Koopmans foi uma das instituições parceiras na realização da Conferência, participando da coordenação e apoio com equipamentos.
A 1ª CATER-Conferência Territorial teve por finalidades propor diretrizes, prioridades e estratégias para a Política Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural e a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, bem como, contribuir para a construção e fortalecimento da ATER no Estado da Bahia.
Participaram da Conferência 134 pessoas, grupo formado em sua maioria por agricultores tradicionais, quilombolas e de assentamentos, técnicos de ATER, ONG's, sindicatos e associações de pequenos produtores dos municípios de Alcobaça, Caravelas, Ibirapuã, Itamaraju, Itanhém, Jucuruçu, Lajedão, Medeiros Neto, Mucuri, Nova Viçosa, Prado, Teixeira de Freitas e Vereda.  Registraram presença no evento representantes da CEPLAC, EBDA, alunos do IFBAIANO, MST, INCRA, ICMBIO, FUNAI, FETRAF-BA(Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar), Banco do Nordeste, UNEGRO, prefeituras de Prado, Alcobaça, Itamaraju, Itanhém, Mucuri, Caravelas e Prado.
O processo de mobilização e coordenação geral da 1ª Conferência Territorial de ATER, contou com o significativo apoio da Fundação Padre José Koopmans-FUNPAJ, tendo sido coordenada pelo Presidente da Fundação, João Luiz Monti, que promoveu a abertura do evento saudando os presentes e convidando a coordenação do CODETER-Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Território Extremo Sul: Rubens Lene Farias, Pedro dos Anjos e Tadeu Mageste. O Coordenador do evento fez uma breve reflexão sobre o processo histórico de participação popular e exercício do controle social ocorrido no passado (exercido pela ditadura militar) e do modelo de participação e controle social atual (assegurado pela Constituição Federal de 1988) que garante o exercício da consciência cidadã e da participação popular no Brasil, destacando a importância dos Conselhos de Políticas Públicas e das Conferências, com participação plena da sociedade.
Antes dos trabalhos em grupo, os palestrantes convidados fizeram uma breve explanação sobre os 5 eixos temáticos que nortearam as discussões:
Eixo 1: Ater para o Desenvolvimento Rural Sustentável:  IFBAIANO – INSTITUTO TÉCNICO FEDERAL DO ESTADO DA BAHIA – Palestrante: Joabe Jobson de Oliveira Pimentel – Professor do curso de Extensão Rural. Moderador: João Luiz Monti – Fundação Padre José Koopmans
Eixo 2: Ater para a Diversidade da Agricultura Familiar e a Redução das Desigualdades:  Pastoral Rural da Diocese de Teixeira de Freitas e Caravelas – Palestrante: Frei Paulo Afonso Aguiar – Paróquia São Paulo. Moderador: Poliane – FASE/BA (Projeto AMA)
Eixo 3: Ater e as Políticas Públicas: EBDA – Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – Palestrante: Paulo Adriano Medrado – Técnico de ATER. Moderador: Lucely Ruas-EBDA
Eixo 4: Gestão, Financiamento, Demanda e Oferta dos Serviços de Ater:  BNB – Banco do Nordeste do Brasil – Palestrante: Araildes Martins Ribeiro Rodrigue– BNB Teixeira de Freitas. Moderador: Tadeu Mageste – EBDA
Eixo 5: Metodologia de Ater: Abordagens de Extensão Rural – EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola Palestrante: Tadeu Mageste – Moderadora: Dora Lucia - Prefeitura Municipal de Itamaraju
Para os participantes da Conferência, a problemática avaliada no contexto da conjuntura política, econômica, social e ambiental do Território está relacionada ao "modelo" atualmente desenvolvido na região, ou seja, ao processo de manutenção e ampliação dos monocultivos do eucalipto e da cana, realizados pelo agronegócio com aportes financeiros descomunais do BNDES-Banco Nacional de Desenvolvimento, reivindicados inclusive pelo governo estadual sob a justificativa de geração de divisas na balança comercial.
Dos muitos problemas relatados destacaram-se: a degradação das estradas vicinais, BAs e circulação urbana pelas carretas que transportam o eucalipto, êxodo rural, falta de oportunidade para a juventude rural, fechamento das escolas e postos de saúde no meio rural, insegurança para as famílias, secamento de lagos naturais, nascentes e riachos, criminalização dos agricultores pelas empresas e órgãos de justiça, penalização coletiva pelas instituições de crédito (PRONAF), prefeituras não compram alimentos da agricultura familiar pelo programa PNAE e PAA dentre outros.
Nas discussões nos grupos temáticos os participantes trabalharam usando as demandas dos encontros municipais, visando a construção de proposições para a etapa Estadual/Nacional. Dentre as demandas levantadas destacaram-se:
- mudanças de gestão nos órgãos de ATER com adesão plena aos pressupostos da PNATER e do PRONATER, que atendam, prioritariamente, a agricultura familiar;
- melhoria da infraestrutura e logística dos órgãos: equipamentos, combustíveis e dotações orçamentárias compatíveis;
- aumento do número de servidores públicos por concursos nos órgãos de ATER, para garantir a oferta pública, gratuita e de qualidade;
- efetivação das chamadas e editais públicos para ONG’s de ATER com critérios de avaliação definidas e auditadas pelos CODETER e CEDETER com ocorrência em todos os territórios;
- assistência para gestão de cooperativas, associações e etapas desde a produção à comercialização;
- assistência efetiva para elaboração de laudos e estudos técnicos para a demarcação e titulação dos territórios indígenas, quilombolas, ribeirinhos e assentamentos de reforma agrária;
- criar programa de agentes técnicos de ATER comunitários com formação e geração de emprego para jovens do campo;
- ampla divulgação pela ATER dos programas e políticas públicas que não se reduzam apenas ao PRONAF;
- revitalização das escolas rurais com PPP’s (Projeto Político Pedagógico)que contemplem a educação com pedagogias específicas às comunidades;
- revisão e reedição dos Dados Estatísticos oficiais da agricultura familiar considerados aquém da realidade (número de agricultores/ propriedades);
- serviços de ater para a efetivação dos programas e recursos de garantia à safras nos municípios e território;
- instalação das agências itinerantes (unidades móveis: sugestão de instalação do SAAF – Serviço de Atendimento a Agricultura Familiar) para informação e acesso ao crédito e outros programas e políticas públicas;
- Ater para a efetivação de capacitação dos agricultores para a resolução dos problemas da falta de água: captação e armazenamento (poços, chuvas, micro-barragens) e preservação das matas ciliares, nascentes.
No tocante à assistência técnica, concluiu-se que há muito que ser melhorado, principalmente no aspecto da abordagem técnica e presença constante do extensionista, privilegiando-se conceitos pedagógicos que promovam a emancipação dos agricultores em referência às suas próprias práticas tradicionais. Isto possibilitará que a assistência técnica e extensão rural cheguem a níveis de excelência que atenda com eficácia e eficiência os agricultores familiares.
Ao final do evento foram eleitos os 06 (seis) delegados(as) que representarão o Território de Identidade do Extremo Sul na 1ª Conferência Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural, que será realizada no período de 14 a 16 de março de 2012, e onde, por conseguinte, elegerá os delegados(as) para a 1ª Conferência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (1ª CNATER).






Por: Permindio Muniz Bomfim Filho
 Fundação Padre José Koopmans

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