quarta-feira, 4 de abril de 2012

Semana Santa: Uma Liturgia Pascal



POR Padre Raimundo Tadeu de Carvalho

A SEMANA SANTA, CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA
: Páscoa significa “Passagem”. Tem sua origem no Antigo Testamento. Nesta festa, os judeus comemoravam a libertação da escravidão do Egito. O anjo exterminador dos primogênitos passou diante da casa dos hebreus cujo portal estava marcado com o sangue do cordeiro e os poupou a todos. Comemoravam também a passagem pelo mar Vermelho. Com Jesus Cristo a palavra “páscoa” recebe um novo conteúdo cujo sangue preserva da morte eterna todos os homens, dando-lhes a possibilidade de uma vida de filhos de Deus.

Para a Igreja, a páscoa é a sua marca, a Igreja é uma assembleia em contínua passagem de vida de pecado para uma vida de justiça e de amor, isto é, de libertação da escravidão do mal para a vida de filhos de Deus que vivem e testemunham o amor.
Em cada Eucaristia, a Igreja atualiza o seu mistério pascal. Cristo, cordeiro imolado, é a ação de graças ao Pai, ao mesmo tempo é dado em forma de comida e bebida para a vida do mundo. Toda a celebração se faz em termos de convivência, de comunhão. Ao redor da mesa, o povo se identifica como filhos e irmãos, concebem a aliança reconciliadora e se empenham numa peregrinação quotidiana dando o destino de toda a criação, pois tudo glorifica o Pai do Céu e tudo se encaminha para a plenitude, quando o Cordeiro será tudo em todos e entregará o mundo redimido ao Pai. Páscoa é celebração do ontem como redenção, do hoje como compromisso e do amanhã como esperança: Cristo, ontem, hoje e sempre…

DOMINGO DE RAMOS: Jesus, que sempre rejeitara ser aclamado, entra triunfalmente em Jerusalém. A comunidade reconhece a excelência de quem se entregará na cruz. Ele é um rei humilde, rei pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. Ao lado da proclamação de Jesus, a leitura da Paixão cria um impacto muito forte e dá o sentido da Liturgia.

SEGUNDA, TERÇA E QUARTA-FEIRAS: São dias em que a Liturgia mostra a contradição do pecado e dos pecadores, como também a urgência de salvação. A Salvação é gratuidade divina para o homem a quem Deus ama com amor extremado.



QUINTA-FEIRA SANTA: Na parte da manhã, a Liturgia celebra o Sacerdócio Cristão. O Sacerdote se identifica como Cristo, vítima. Na missa, o Bispo concelebra com o seu presbitério (reunião de padres de uma diocese) e se vive uma consciência de corresponsabilidade eclesial. Já à noite, a Liturgia manifesta a instituição da Eucaristia como vínculo de unidade, como força criadora e ordenadora da história humana caminhando para Deus. A missa é precedida da cerimônia do lava-pés. O serviço fraterno é o pressuposto da Eucaristia. A marca da Igreja é estar a serviço do mundo.

SEXTA-FEIRA SANTA
A Liturgia apresenta ao mundo a cruz de Cristo como fonte de esperança. No jejum e abstinência e, através de longas procissões como da contemplação dos quadros da via-sacra, a assembleia acompanha o abandono e despojamento do Cristo até a morte. Vive-se um dia de penitência, na conversão do coração e na mudança de mentalidade. O compromisso se faz através da solidariedade com toda a dor do mundo.

SÁBADO SANTO: A assembleia guarda, em silêncio, a sepultura do Senhor e se vive a expectativa da sua ressurreição. A madrugada traz a notícia da ressurreição de Cristo. A Liturgia vive em forma de vigília o dia novo que surge para a humanidade. Nos símbolos de trevas de luz, trevas vencidas pela luz, canta-se o “aleluia”, o louvor a Deus, a alegria maior da vida que vence a morte e do homem vitorioso em Cristo. Nesta madrugada, benze-se a água batismal, lembrando que cada um de nós mergulha, na morte de Cristo, o homem velho, para com Cristo ressuscitado, fazer surgir o homem velho, para com Cristo ressuscitado fazer surgir o homem novo.

DOMINGO DE PÁSCOA: A Liturgia celebra a reunião de um novo povo numa eterna e definitiva aliança.

Artigo escrito provavelmente na primeira metade dos anos 1990 pelo padre Raimundo Tadeu de Carvalho, que morreu no dia 11 de fevereiro de 1998; texto encontrado e repassado por Ruth Machado, amiga de longa data do saudoso sacerdote

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